06/05/2019 14:03

Em Campo Grande, Rita Serrano destaca história e luta dos empregados da Caixa

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Diretores da Apcef/MS e empregados da Caixa participaram do bate-papo com a representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, na última sexta-feira, dia 3 de maio. O evento promovido pela Apcef/MS aconteceu na sede da OAB/MS, em Campo Grande.

Durante o bate-papo, Rita Serrano, que é também coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, fez um resgate histórico da Caixa Econômica Federal a partir da perspectiva dos trabalhadores, falou sobre a atual situação do banco e da importância dos empregados da Caixa defenderem o banco público e os direitos conquistados durante um século e meio de luta e resistência.

Para o presidente da Apcef/MS, Jadir Garcia, o encontro proporcionou um ambiente de discussão sobre a importância da Caixa que, ao longo da história, sempre teve cunho social e é fundamental para o desenvolvimento do país.

“A história da Caixa deve ser contada, tem que ser valorizada pelos serviços prestados à população brasileira. Muitos funcionários que estão hoje no banco, entraram depois de 2000, em um momento de crescimento da empresa, vários não conhecem a história, a resistência que os empregados da Caixa tiveram para que o banco continuasse público, para que a Caixa continuasse a existir. A Caixa já passou por dificuldades em alguns governos e os empregados, através de sua organização, venceram as dificuldades. Nos momentos difíceis, a organização dos trabalhadores tem dado condições de superar esses desafios”.

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Histórico

No encontro, Rita Serrano fez um breve relato da história dos 158 anos da Caixa e da luta dos bancários pela garantia dos direitos e manutenção do banco público. Ela contou que o banco surgiu em 1861, na época do Império, para que os escravos pudessem fazer suas poupanças, visando comprar a alforria. “A Caixa já nasce com uma cara social, nasce com a função de fazer o penhor, e é o primeiro banco a autorizar que os escravos pudessem ter poupança”, comentou a conselheira.

Apesar da Caixa ter assumido as Loterias somente em 1961, a operação tem forte ligação com seu nascimento. Rita Serrano conta que o primeiro capital para fundar o banco, em 1861, e depois para unificar as Caixas de todo o país, em 1969, vieram de loterias.

Luta dos empregados

Para a conselheira, a história da Caixa é vitoriosa porque, apesar dos ataques, desmontes e demissões, a organização dos bancários superou as dificuldades. “Os bancários são uma categoria organizada e os empregados da Caixa mais ainda porque tem duas instituições que defendem seus direitos, os sindicatos e as associações. E teve muita vitória em todos esses anos”.

Ela lembrou a primeira greve nacional de 1985, que foi um grande marco para os trabalhadores da Caixa. Graças a esse movimento, os empregados conquistaram a condição de bancários, o direito à sindicalização e a jornada de 6 horas diárias, que já era válida para os demais bancários desde a década de 30.

Um dos piores momentos para os empregados da Caixa foi na década de 90, tanto nos governos Collor como FHC. “FHC fez uma política de redução das empresas públicas. A Caixa foi sucateada, com o fechamento da metade das agências. Houve programas de demissões voluntárias e demissões sumárias. Foram 9 anos sem contratação e 8 anos sem reajuste”.

Depois de anos de luta e resistência, em 2002, houve mudança no governo com foco nas empresas públicas, a ameaça da privatização da Caixa foi superada, se tornando principal operadora dos programas sociais e maior investidora de políticas públicas. O banco saltou de 55 mil bancários, em 2001, para 101 mil, em 2014. Em 2017, esse número diminuiu para 87 mil empregados por conta dos programas de incentivo à aposentadoria.

Uma grande conquista para os bancários da Caixa foi a entrada na Convenção Coletiva de Trabalho. A partir de 2004, bancos públicos e privados passaram a assinar um único acordo coletivo de trabalho.

Situação atual

Para Rita Serrano, este ano, a Caixa entra em um viés muito preocupante, que é a venda dos ativos e a possibilidade de privatização das loterias. De acordo com a conselheira, as loterias arrecadaram 13 bilhões de reais no ano passado. 40% do valor arrecadado é destinado para investimento social como seguridade, saúde, educação.

“Ao privatizar, nós vamos perder de duas formas. A Caixa recebe uma taxa de administração para operacionalizar, então, a primeira perda é essa, não vai ter mais esse recurso. O segundo ponto é que os 40% que iam para investimento social deixam de ir e vão para o bolso da multinacional que vai assumir a operação”, avaliou.

Segundo a conselheira, esse está sendo um dos piores momentos da história da Caixa, podendo superar inclusive as ameaças dos governos Collor e FHC. “Na década de 90, embora o projeto fosse de privatizar, de diminuição do banco, por uma série de razões isso se deu em um espaço mais longo de tempo. E agora há uma agilidade do governo com relação à privatização de operações, diminuição de trabalhadores. Acredito que esse momento é um cenário mais complicado”.

Rita criticou ainda a visão de que as empresas públicas dão prejuízo e são ineficientes. Ela citou um relatório do governo federal que aponta que o lucro das estatais federais cresceu 147%, em 2018, atingindo a marca histórica de 70 bilhões de reais. “E aí o governo vai vender isso? É a entrega do patrimônio público, então é preciso resistir como na década de 90”.

O presidente da Apcef/MS, Jadir Garcia, lembrou que, além das entidades, os bancários têm uma ferramenta muito grande, que é o contato direto com a população. “Nós atendemos muita gente todos os dias, e nesses atendimentos nós temos que começar a mostrar a importância da Caixa para aquelas regiões, para aquela população, para o desenvolvimento do país. Não precisa só ser em eventos ou em ações na rua, no dia a dia, a gente pode começar a discutir com a população a importância de ter um banco público”.

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Livro

Depois do bate-papo, Rita Serrano autografou para os presentes o livro “Caixa, banco dos brasileiros”, que aborda a importância do banco para o desenvolvimento do país.

A obra apresenta um resgate da história do banco desde sua criação, em 1861, e sua utilização diante das condicionantes político-econômicas de cada período. Traz, ainda, uma seleção de fotos históricas, em especial sobre a organização e mobilização dos empregados do banco nas últimas três décadas.

O livro integra a coleção de publicações da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).

Apoio das entidades

Além dos empregados da Caixa, também participaram do bate-papo os representantes de outras entidades como Clóvis Luciano Martins, da Associação dos Gestores da Caixa Econômica Federal (AGECEF/MS), e Orlando de Almeida Filho, do Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região (SEEBCG/MS).

Clóvis Martins falou dos desafios para mobilizar a categoria e ressaltou que este tipo de evento ajuda a combater as notícias falsas sobre o banco e a tornar mais claro tudo aquilo que é verdade e que acontece na administração da Caixa. “Nós estamos aqui para esclarecer, para ouvir da Rita no que a gente tem que centrar nossa ação, no que a gente tem que dedicar tempo e energia para que nossa empresa continue pública, mas continue uma pública rentável e que o brasileiro reconheça como importante”.

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“É muito importante que nós façamos esse debate em conjunto com a categoria. Quero agradecer a Apcef, na figura do Jadir, por essa iniciativa e a companheira Rita Serrano, que está a frente do Comitê Nacional das Empresas Públicas. É fundamental que a gente esteja de mãos dados defendendo o papel da Caixa, que é o banco dos brasileiros”, avaliou Orlando de Almeida Filho.

O presidente da APCEF/MS também destacou o apoio da Fenae para a realização do evento. “Tivemos o apoio da Fenae para realizar esse evento e a impressão do livro também é um patrocínio da entidade. É muito importante essa parceria das Apcefs e da Fenae, que possibilita a realização de ações que são de interesse dos empregados da Caixa”, concluiu Jadir Garcia.

Por: Assessoria de Comunicação da Apcef/MS

Fotos: Reginaldo de Oliveira/Martins e Santos Comunicação

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