Bancários da Caixa vestem preto contra privatização
Nesta sexta-feira (15), os empregados da Caixa Econômica Federal em todo país vestiram preto em protesto contra as medidas que estão enfraquecendo o banco com a intenção de privatizá-lo. A mobilização do Dia Nacional de Luta em defesa do banco do público e pelo reconhecimento aos trabalhadores também acontece nas redes sociais com o uso da hashtag #ACaixaÉdoBrasil.
O movimento é uma resposta ao desmonte da Caixa provocado pela venda de ativos de maior liquidez, que tem como objetivo enfraquecer o banco e torná-lo cada vez mais deficitário. Dessa forma, a privatização acontece de forma menos perceptível e sem confronto político com diversos setores da sociedade. A privatização representa uma ameaça aos direitos dos empregados da Caixa e à população, que será prejudicada com a redução de investimentos em políticas públicas e infraestrutura.
Os movimentos contra a privatização da Caixa, por meio da Comissão Executiva de Empregados (CEE/Caixa), levantam as seguintes bandeiras:
- Em defesa da Caixa 100% pública.
- Contra a venda das áreas mais lucrativas do banco.
- Na defesa do seu papel social.
- Contra as manobras que reduzam o lucro da Caixa.
- Mais reconhecimento ao trabalho.
- Fim do assédio moral na empresa.
Os empregados da Caixa também lutam por mais contratações, Funcef transparente e manutenção de direitos adquiridos, como PCS, PLR e PLR Social.
Histórico
Não é de hoje que a Caixa e seus trabalhadores vem sofrendo ataques. Desde a década de 1990, quando o presidente Fernando Collor de Mello demitiu mais de 2,3 mil empregados do banco. Depois, a gestão de Fernando Henrique Cardoso foi marcada por cortes nos custos e nos recursos humanos, terceirização e reestruturação patrimonial na Caixa.
Em todos esses momentos, a mobilização dos empregados da Caixa por meio das associações, como as Apcefs e a Fenae, e dos sindicatos sempre foi fundamental para fortalecer o banco e manter os direitos dos trabalhadores.
Com o governo de Michel Temer, a partir de 2016, ocorreram novos ataques à função social da Caixa, além da tentativa de reduzir suas operações. Algumas medidas afetam diretamente os empregados do banco e seus direitos. Uma delas é a resolução CGPAR 23, que, entre outros pontos prejudiciais, diminui a participação das empresas no custeio dos planos de saúde de autogestão, como é o caso do Saúde Caixa.
Agora, o governo Bolsonaro está promovendo o fatiamento da empresa, retirando recursos e atribuições, em benefício do setor privado. Entre as áreas mais cobiçadas estão as de seguros, cartões, assets, loterias e gestão do FGTS. Mais uma vez, a mobilização dos trabalhadores e da sociedade será fundamental para barrar a redução da Caixa.
Investimentos públicos
A Caixa é o maior banco público do América Latina e principal agente do desenvolvimento social do país. De janeiro a setembro de 2018, o banco injetou na economia cerca de R$ 21,5 bi, pagando mais de 118 milhões de benefícios à população de baixa renda – a maioria em Bolsa Família. No mesmo período, a Caixa arrecadou R$ 9,9 bi das loterias, repassando R$ 3,7 bilhões às áreas de esporte, cultura, segurança pública e seguridade social.
A Caixa é o banco da casa própria, por ser responsável por sete em cada dez financiamentos habitacionais no Brasil (no caso da moradia popular, chega a 90%). A Caixa é o banco do trabalhador, pois paga o seguro-desemprego, o abono-salarial e o PIS, entre outros benefícios. Mas também é o banco da poupança (40% das poupanças brasileiras) e o banco da infraestrutura, pois leva saneamento básico, energia e urbanização aos municípios mais distantes.
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